terça-feira, 1 de setembro de 2009

Medo da democracia

A Tribuna Popular é um espaço destinado às entidades organizados dentro dos poderes legislativos. Muitas cidades já oportunizam este mecanismo, que aproxima ainda mais sindicatos, movimentos sociais e outros grupos devidamente regulamentados dos vereadores e da comunidade em geral de cada cidade, que os assiste mediante televisão ou no próprio plenário.
Entretanto, a Casa do Povo mais antiga do Rio Grande do Sul parece estar parada no tempo. Ontem à tarde, após muitas discussões e debates travados entre base governista e oposição, o projeto de lei que cria a Tribuna Popular foi vetado pelos representantes que apoiam a Prefeitura de Rio Grande. Ora, para uma administração que fala em gestão pública com transparência negar esse direito parece uma contraditória. Seus vereadores justificaram que a Tribuna se tornaria em palanque, um local de reclamatórias. Mas se tudo está correndo bem não há com o que se preocupar, certo? Então eles têm medo de que?
Com isso, infelizmente, a Tribuna Popular - que tem sua criação prevista pela Lei Orgânica Municipal, artigo 39 - ainda está longe de ser instalada na cidade, que apesar de passar pelo mais avançado momento socioeconômico de sua trajetória ainda demonstra retrógrados indícios de uma era de coronelismo. Mais uma vez, o pensamento que satisfaz a poucos - os quais foram eleitos para representar o todo - prejudica as ações e a integração entre movimentos, sindicatos, associações de bairro e a comunidade, indispensável na busca por uma sociedade mais justa, informada e límpida. Mas às vésperas de um ano eleitoral, quem quer uma comunidade mais instruída? O PT quer, e por isso fez sua parte: além de ter apresentado o projeto, o sustentou com dignidade, mostrando respeito à comunidade que o elegeu na Câmara Municipal. A bancada do partido no legislativo rio-grandino está com sua consciência limpa e apenas lamenta a maneira como a conquista de direitos e a democracia são tratados em nossa bela e histórica cidade.
Mas os tempos estão mudando, e tais mudanças devem ser certificadas em 2010, quando a comunidade não terá uma Tribuna Popular, mas o livre arbítrio de escolher aqueles que irão realmente trabalhar em prol dela e pelos demais, e não em causa própria. O sol sempre acaba passando por entre a peneira...