quinta-feira, 21 de maio de 2009

Camarão o ano todo!

É bom voltar à minha cidade e ver que as coisas estão mudando. Não falo do polo naval ou dos tantos outros empreendimentos e obras ligados ao setor portuário.
Falo de comunidades pequenas, de pessoas comuns que vislumbram um futuro melhor por que tiveram oportunidade. Oportunidade de participar de projetos que, através do esforço dos pesquisadores, professores e bolsistas da Universidade Federal do Rio Grande - Furg, oferecem não só conhecimento mas também qualidade de vida.
Rio Grande vivencia um novo futuro também para uma de suas principais atividades econômicas: a pesca. Com a escassez do pescado e do camarão no Estuário da Laguna dos Patos e do oceano, alternativas devem ser apontadas a fim de garantir a sobrevivência de milhares de pescadores que vivem na região sul do estado, pois o município filho de São Pedro servirá como piloto de um projeto que poderá ser estendido, inclusive, a outros estados.
Falo do cultivo de camarões em viveiros, trabalho científico da Estação Marinha de Aquacultura "Professor Marcos Marchiori" (EMA), da Universidade Federal do Rio Grande (Furg). Diferente do tradicional sistema de cultivo em fazendas, onde os produtores trocam a água, o projeto da Furg - apoiado pela Seap e CNPq - visa ao cultivo do camarão branco do Pacífico em viveiros revestidos com geomembranas, num sistema sem renovação de água ou emissão de efluente para o meio ambiente.O projeto agraga valor ao produto e é viável dos pontos de vista econômico, ambiental e social, pois oportuniza aos pescadores uma maior renda aravés da venda do crustáceo na tradicional Feira do Produtor, realizada todos os sábados pela manhã no balneário Cassino, local sede do rojeto. O produto é bem aceito pela comunidade e possui um público diferenciado. Assim como os hortifruti vendidos sem agrotóxico, os crustáceos cultivados na EMA são ecologicamente corretos. A intenção é que o camarão também seja adquirido por restaurantes e demais estabelecimentos da cidade.
Atualmente, seis pescadores de diversos bairros de Rio Grande participam do curso que engloba os cuidados necessários com a água, além da alimentação dos crustáceos. Nos próximos meses, outros 20 pescadores terão acesso ao curso de extensão. A meta é estender o projeto a outras localidades, através da implantação de viveiros abertos para associações e cooperativas. O projeto também pode vir a ser implantado em outras regiões do país, onde o clima mais quente beneficia a produção em viveiros.