quarta-feira, 22 de abril de 2009

Porque Dilma não é rio-grandina?

A base do governo na Câmara Municipal vetou na última segunda-feira o projeto-de-lei proposto pelos parlamantares petistas de Rio Grande Alexandre Lindenmeyer, Cláudio Costa e Luiz Francisco Spotorno, que previa a concessão do título de cidadã rio-grandina à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Dos 12 vereadores que se encontravam em plenário, sete foram favoráveis. No entanto, para ser aprovado o projeto necessita da maioria absoluta, o que representa neste cenário nove votos. Na ocasião, os representantes da Frente Popular expuseram diversas explicações as quais fundamentam a criação do projeto. Afinal, foi através da gaúcha Dilma Rousseff que a Metade Sul voltou a vislumbrar novos horizontes, através da implantação do polo naval em Rio Grande. Causou-me estranheza o fato, uma vez que o prefeito Fábio Branco - em seu discurso ao lado da governadora Yeda Crusius, durante solenidade oficial da Festa do Mar 2009 - afirmou que o município era capaz, porém nunca havia tido oportunidade. Isso nada mais prova que o atual governo federal apostou e acreditou na mais antiga cidade gaúcha, e em grande parte dá-se pelo trabalho da ministra-chefe da Casa Civil.
Entretanto, os vereadores não parecem estar dispostos a assumir o que até o chefe do Executivo já admitiu: a ascensão de Rio Grande deu-se graças as políticas públicas do governo Lula, que tem Dilma como uma das grandes figuras articuladoras do projeto. E não é só a indústria naval que deve ser ressaltada. As obras do PAC - para a construção de habitações aos moradores atingidos pela expansão portuária; e a retomada do funcionamento da Refinaria Riograndense, antiga Ipiranga, também foram assuntos defendidos por Dilma. Para os parlamentares da Frente Popular, a ministra-chefe representa uma mudança de rumo na nossa cidade. Além disso, tem um compromisso com o Rio Grande do Sul, e principalmente com Rio Grande. "Sua intervenção na reabertura da nossa refinaria auxiliou de forma expressiva na economia de município, com o aumento dos empregos e a contribuição no ICMS da cidade", lembrou o parlamentar Lindenmeyer durante a sessão. Dilma Roussef já foi condecorada com a Ordem de Silva Paes, grau de Grã-Cruz, durante cerimônia em comemoração aos 272 anos de Rio Grande. No entanto, após ter colhido os frutos, parece que os vereadores não se interessam mais em ressaltar a importância da ministra para a cidade. Mas não se preocupem, caso Dilma chegue à presidência não fará como a paulista que está terminando com a democracia e o trabalho público no Palácio Piratini. Dilma tem conhecimentos técnicos e experiência suficientes para comandar um país, exemplificado na prática em Rio Grande. O que nos deixa mais perplexos é que grande parte dos vereadores dos partidos da situação que negam o titulo de cidadã riograndina a Dilma, ao longo dos tempos, vem apresentando as mais diversas solicitações de títulos a ilustres desconhecidos e/ou sem o menor vínculo com Rio Grande.
E antes de encerrar, publico as palavras do então prefeito Janir Branco sobre a homenagem a Roberto Dieckmann, responsável pelo projeto do dique seco (viabilizado pelo governo federal de Dilma Roussef. "(...) indiscutivelmente, Roberto Dieckmann foi um dos grandes artífices para que a construção naval tivesse êxito no município”. No texto encontrado no arquivo do site da Prefeitura Municipal, ele lembrou que em determinado momento - quando o Estaleiro Rio Grande foi classificado no grupo B da licitação da Petrobras, possibilitando apenas a construção de pequenas embarcações, inviabilizando o projeto - Dieckmann “teve a sensibilidade para entrar na licitação do dique seco. Com muito trabalho, dedicação e competência acabou sendo vencedor e tornou nosso sonho em realidade”. Pergunta: Porque o sonho não tornou-se realidade durante a gestão do PSDB, partido que atualmente rege o porto do Rio Grande, órgão para o qual Janir Branco trabalha? Nada mais justo do que oferecer o título à Dilma Roussef, muito mais responsável em colocar Rio Grande na rota dos empreendimentos navais. Até porque, não fosse o governo federal, Dieckmann também não teria oportunidade de fazer projeto para Rio Grande.