terça-feira, 28 de abril de 2009

Brasil reforça medidas para prevenir gripe suína no País

O governo brasileiro intensificou as ações de vigilância em saúde e controle sanitário nos pontos de entrada no País para prevenir possíveis casos de influenza (gripe) suína no Brasil. No último final de semana - depois do alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS) - foi criado o Gabinete Permanente de Emergência, formado por representantes do Ministério da Saúde (MS), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O grupo se reúne todos os dias, em Brasília, para monitorar a situação e indicar as medidas adequadas ao País.Até agora, nenhum caso da doença em humanos foi registrado no Brasil. Alguns casos de pessoas com suspeita de terem o vírus foram afastados e outras aguardam a realização de mais exames. Segundo o diretor da Anvisa, José Agenor Álvares, não há motivo para pânico. "A preocupação é das autoridades sanitárias para que o problema não chegue ao País e para que os casos suspeitos tenham o devido encaminhamento", disse.Segundo o MS, desde 2005, o Brasil tem um plano de preparação para o enfrentamento de uma possível pandemia de influenza e conta com uma rede de vigilância para monitorar a circulação de vírus respiratórios. Nos postos da Anvisa há 1.287 fiscais, e, em todo o País, 49 hospitais de referência estão preparados para atender casos como o da gripe suína. As secretarias estaduais de Saúde já estão orientadas para monitorar e detectar casos suspeitos de doenças respiratórias agudas.Em Rio Grande, devido sua condição de cidade portuária, operando navios de diferentes países do mundo, já recebe atenção, apesar de não ter, até o momento, programação de chegada de nenhum navio dos EUA, México e Canadá - onde foram verificados casos da doença. Mesmo assim, a Anvisa (que sempre fiscaliza as embarcações que chegam ao porto), está determinada a redobrar a análise documental dos navios, por meio da qual é verificada a origem deles.Conforme a chefe do posto portuário da Anvisa, Ana Maria Gagliardi Gonçalves, a gência que diz se um navio pode entrar no porto e operar, após fazer uma triagem em todas as escalas dele. Nesta triagem, é verificado onde o navio esteve nos 30 dias anteriores a sua chegada e se um dos países em que esteve apresenta algum tipo de doença. Esse trabalho é feito sempre e agora será mais focado na verificação de possibilidade de casos de pessoas com sintomas de gripe suína.Os comandantes de navios têm que comunicar à Anvisa qualquer caso suspeito a bordo comm, no mínimo, 24 horas de antecedência. E caso venha a acontecer de um tripulante apresentar sintomas suspeitos, o navio fica fora do porto e o plano de contingência (o da gripe aviária será adaptado para esse caso) é acionado. A partir daí, a Coordenadoria da Anvisa no Rio Grande do Sul é informada e deverá determinar o hospital de referência que irá receber o paciente. Também são informadas a Marinha, a Superintendência do Porto (Suprg) e a Vigilância Epidemiológica. Vários órgãos e instituições atuam neste plano.No entanto, como a questão da gripe suína é muito nova, a Anvisa deverá reunir-se com a Marinha e a Suprg para discutir melhor as medidas que serão adotadas. A Divisão do Meio Ambiente da Suprg informou, por meio de sua assessoria, que o porto rio-grandino está dentro do plano nacional de contingência da influenza, que inclui a gripe suína, e todos os terminais já foram treinados para colocar o plano em prática. A assessoria da Suprg também observou que não há previsão de nenhum navio dos EUA, México ou Canadá previstos para operação no Porto do Rio Grande.

Outras medidas de controle - Desde a noite da última sexta-feira, quando o Brasil recebeu o alerta OMS, os voos que vêm do México e dos Estados Unidos são monitorados. Em caso de suspeita da doença, um servidor da agência e um médico da Infraero entram na aeronave para examinar o paciente, que pode ser encaminhado para um hospital de referência. Os passageiros das poltronas próximas são monitorados pela agência. Os dados de todos os pacientes constantes da Declaração de Bagagem Acompanhada (DBA), documento que contém informações relativas à saúde do passageiro, são armazenados pelas companhias aéreas para o caso de ser necessário contato futuro.Nos aeroportos que recebem voos internacionais, desde domingo são feitos avisos sonoros com informações sobre a doença. A Anvisa também já está distribuindo material educativo. Inicialmente, foram impressos 140 mil folhetos em português, inglês e espanhol e novas publicações continuarão a ser feitas de acordo com a necessidade e com a mudança nas orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Já há autorização para a impressão de um milhão de folhetos.

Entenda a doença - O tipo atual de gripe suína, ao que tudo indica, se tornou transmissível ao homem depois de uma mutação que gerou um novo subtipo do vírus. A transmissão acontece pelo ar ou por contato direto com secreções de pacientes infectados. Os sintomas também são parecidos com os da gripe comum: febre alta repentina acima de 38 graus, acompanhada de tosse e/ou dores de cabeça, musculares e nas articulações. Ainda não existe vacina para a gripe suína, mas há remédios eficazes, que estão sendo usados nos países onde há casos da doença. O consumo de produtos de origem suína, como a carne, por exemplo, não representa risco à saúde das pessoas.Segundo o Ministério da Saúde, quem esteve nos países afetados nos últimos dez dias e apresentar algum sinal da doença deve procurar a unidade de saúde mais próxima. Quem for viajar para alguma das áreas mais afetadas deve ficar atento às recomendações dos governos locais. A OMS não recomendou restrições de viagens às áreas afetadas nem de entrada de passageiros vindos desses países.